A Teaknet, rede internacional de informações sobre teca (Tectona grandis), está realizando um levantamento mundial sobre a importância e o mercado da teca com o objetivo de analisar as relações comerciais multilaterais entre países exportadores e importadores. Produtores dos cerca de 80 países que comercializam a madeira desta espécie estão participando do estudo, que é apoiado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela International Union of Forest Research Organizations (IUFRO), por meio de seu Programa Especial para o Desenvolvimento de Capacidades (IUFRO_SPDC). No Brasil, a coordenação está sob responsabilidade da Embrapa Florestas, que está fazendo contato com os produtores e empresas para participarem do estudo. Segundo a pesquisadora Cristiane Reis, “os dados levantados serão agregados em nível nacional, para termos uma visão macro. É importante ressaltar que não será possível rastrear dados específicos de qualquer entidade pública ou privada, resguardando as informações de cada participante”.
O estudo é continuação de trabalho realizado pela FAO, o “Teak Resources and Market Assessment 2010”, da Global Forest Resources Assessment 2010 (FRA 2010). Entre seus resultados, está a estimativa de florestas naturais de teca em 29 milhões de hectares na Índia, Laos, Myanmar e Tailândia, quase metade dos quais em Myanmar. Já as plantações florestais de teca foram consideradas uma área emergente, com cerca de 4,346 milhões de hectares, dos quais 83% estavam localizados na Ásia, 11% na África e 6% na América tropical. Entretanto, em razão da falta de dados de 22 países produtores de teca, considera-se que esses números sobre os plantios estão subestimados “Por isso este esforço de coleta de dados que estamos fazendo agora”, ressalta a pesquisadora.
Desde a realização deste estudo de 2010, vários eventos tiveram impacto no setor internacional de teca: a área de plantações florestais com a espécie aumentou em muitos países africanos, asiáticos e latino-americanos e o comércio internacional da madeira de teca em toras e madeira serrada se expandiu. No entanto, Myanmar, o mais importante produtor de madeira de teca a partir de florestas naturais, baixou uma medida de proibição de exportação de toras em abril de 2014 visando à conservação de suas florestas naturais. Esses eventos levaram a 4ª Conferência Mundial de Teca, realizada em Gana em setembro de 2022, a recomendar que uma atualização do relatório de 2010 sobre os recursos e mercados globais de teca fosse urgentemente realizada.
Nesta primeira fase do estudo, estão sendo reunidos especialistas de cada país produtor de teca para prospectar e agrupar dados confiáveis e consistentes em cada país. Os dados estão sendo coletados por meio de um questionário padronizado disponível nos idiomas chinês, inglês, francês, português e espanhol. Este trabalho conta com o apoio de cinco coordenadores regionais, de instituições nacionais de pesquisa florestal, que irão gerir a comunicação com os contatos identificados e acompanhar a distribuição e recolhimento dos questionários.
As informações sobre recursos e mercados de teca serão publicadas em nível nacional e global em 2024 pela IUFRO, em uma de suas séries de publicações e disponibilizadas de forma gratuita a todos os interessados. “Espera-se que esses resultados e descobertas facilitem uma melhor avaliação da importância dos recursos e do comércio internacional de teca, fornecendo aos formuladores de políticas e decisões, investidores e gerentes, uma melhor compreensão do importante papel que que a teca está desempenhando hoje no fornecimento de produtos de madeira para as economias nacionais de muitos países”, avaliam Walter Kollert e S. Sandeep, da TeakNet, que é administrada pelo Kerala Forest Research Institute (KFRI), na Índia.
Empresas e produtores brasileiros de teca interessados em contribuir com o estudo, podem entrar em contato pelo email: cristiane.reis@embrapa.br .
Fonte: Embrapa Florestas