9º Workshop Embrapa Florestas/APRE: preocupação com as mudanças climáticas vai estimular o uso da madeira

O setor florestal brasileiro tem condições privilegiadas para o crescimento de árvores para todas finalidades. Por isso, é preciso focar na qualidade e na produtividade. Essa foi uma das reflexões trazidas pelo engenheiro civil Amantino Ramos de Freitas, presidente da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), na palestra “Contribuição para a história do Pinus no Brasil”. A apresentação fez parte do painel “As florestas e a indústria de transformação”, do 9º Workshop Embrapa Florestas/APRE.

No início, o engenheiro abordou a história da introdução da espécie no Brasil, desde as primeiras tentativas, com o P. radiata, e, posteriormente, com o pinus de regiões temperadas, como o do sudeste dos Estados Unidos, e os pinus tropicais, da região do Caribe. Nesse contexto, Freitas citou que as duas principais madeiras existentes hoje – uma conífera (pinus) e uma folhosa (eucalipto) -, ambas oriundas de plantações, vieram substituir duas madeiras nativas que, por muito tempo, atenderam o consumo: o pinho-do-Paraná (conífera) e a peroba rosa (folhosa). “Essa substituição se deu por forças do mercado e exigiu muito aprendizado, que ainda não terminou”, destacou.

Para ele, a evolução aconteceu, principalmente, por conta das condições favoráveis, mas é preciso ter critério para plantar florestas e garantir qualidade – primeiro, o material correto, com sementes ou clones selecionados; e, sem segundo lugar, a escolha de solos e regiões apropriados para cada espécie.

“Temos que fazer uma peneira. Precisamos ter boas árvores, com boa forma de tronco e copa, sem muitas tensões internas, resistentes a pragas e ao estresse climático e que também não tenham a fibra muito ‘torcida’. Normalmente, se dá muito valor para a produtividade dos plantios, mas, para algumas aplicações, a qualidade da madeira produzida pode definir seu valor de mercado”, afirmou.

Nesse sentido, o palestrante trouxe exemplos de madeira de diferentes espécies, destacando o comportamento silvicultural e algumas características que demonstram os atributos da madeira. Em seguida, ele reforçou que o foco na qualidade e na produtividade pode ajudar o setor a aproveitar as novas oportunidades.

Uma delas é com relação às mudanças climáticas. Segundo o presidente da SBS, no processo de fotossíntese, as árvores transformam gás carbônico em oxigênio. Para produzir uma tonelada de madeira, 1.200 kg de oxigênio são devolvidos à atmosfera. Além disso, ao utilizarem a energia solar para a síntese, as árvores ajudam a esfriar o planeta. Com a opinião pública cada vez mais mobilizada para esse tema, que é um problema global, ele aponta para o crescimento de uma nova demanda, a da construção civil.

“Vemos uma forte demanda de madeira de pinus para construções que empregam a madeira ‘engenheirada’, sobretudo a tecnologia CLT (Cross Laminated Timber). A madeira já é um ótimo material, o único material renovável. E, por ser um material que sequestra carbono ao invés de emitir carbono, como todos os outros materiais, seu emprego representa uma alternativa importante no combate às mudanças climáticas. Nos Estados Unidos, a tecnologia wood frame já é centenária, mas, no Brasil, está chegando a hora”, afirmou.

O 9º Workshop é uma realização da APRE e da Embrapa Florestas, com patrocínio de Becomex, Lavoro/Florestal, Remsoft e Trimble; e apoio de Abimci, Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Sistema Fiep, Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef), Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Unicentro Paraná e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Release da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal.

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