Manejo florestal e animais peçonhentos

Como lidar com a presença de animais peçonhentos nas etapas manuais e semimecanizadas do manejo florestal

       As atividades de silvicultura e manejo florestal no Brasil abrangem etapas de trabalho manual, semimecanizado e mecanizado. O que diferencia o uso de cada uma dessas etapas são as suas particularidades, que dependem do local e da finalidade da atividade. Geralmente elas consistem, entre outras tarefas em campo, no preparo do solo, plantio, tratos culturais, manejo e colheita florestal. Nessas etapas é muito comum o contato com cobras com ou sem peçonhas.

      Por isso é muito importante que em cada etapa de trabalho ocorra o planejamento da atividade, que consiste em analisar e preparar o ambiente de trabalho, identificando os riscos, para o estabelecimento das medidas de controle. A limpeza da base da árvore, da vegetação rasteira, rota de fuga dos funcionários, verificação de galhos e troncos secos, pedras, desníveis e buracos são algumas dessas análises. E é nesse momento que irá ser verificado a presença ou não de cobras.

      Hoje o Brasil apresenta pouco mais de 400 espécies de cobras, sendo que apenas 15% são peçonhentas e de importância médica, ou seja, venenosas. Esses 15% são divididos em 4 grupos: jararaca, cascavel, surucucu e coral.

      Essas serpentes estão presentes em todos os biomas do Brasil. A cobra com maior incidência de picadas é a jararaca, a qual compreende mais de 20 espécies. A jararaca prefere se desenvolver e criar hábitos em ambientes abertos. Quando jovem escolhem permanecer em ambientes úmidos, pois se alimentam de anfíbios. Quando adultas escolhem campos, plantações e florestas, pois se alimentam de roedores.

      Para evitar o contato com as cobras é muito importante manter o local sempre limpo, livre de entulhos, como por exemplo, madeira, telhas e tijolos, principalmente em áreas de oficinas, de vivência e área de trabalho.

      Em média no Brasil tem-se o registro de 28.000 picadas por ano. E a grande maioria não é ligada a cobras peçonhentas. Como proteção para minimizar o risco de uma picada, é importante sempre fazer uso de vestimentas adequadas e equipamentos de proteção individual, como por exemplo, as luvas e perneiras. Jamais realizar qualquer atividade de silvicultura ou manejo florestal com as mãos, pernas e pés desprotegidos.

       O trabalhador sendo picado por uma cobra peçonhenta, é importante sempre manter a calma, pois o excesso de movimento aumenta o fluxo sanguíneo, e mais rápido o veneno se espelha pelo corpo do trabalhador. De maneira imediata procurar atendimento médico de referência, ou seja, hospital ou unidade de saúde pública. Manter-se hidratado, lavar o local com água e sabão, pode-se colocar gelo para diminuir a dor e se possível permanecer deitado.

       Em hipótese alguma realizar ação localizada próximo ou sobre a picada como torniquete ou garrote. Não cortar ou chupar no local da picada e não passar nenhum tipo de produto, como café ou margarina. O único tratamento eficaz contra a picada de cobras peçonhentas é o soro antiofídico. Esse soro tem a capacidade de neutralizar o veneno de serpentes e é utilizado como como antídoto quando uma pessoa é picada por uma serpente.

        Jamais tentar manipular ou pegar a cobra que originou a picada. Apenas tire uma foto, se conseguir. Pelo sintoma e estado do paciente o médico vai saber qual soro específico administrar. Jamais matar a cobra.

        A legislação ambiental do Brasil, através da Lei dos Crimes Ambientais nº 9.605 de 1998 que trata das condutas e atividades lesivas ao meio ambiente determina no seu artigo 32 que quem causar maus tratos em animais silvestres, aqui incluem-se as cobras, comete crime ambiental, estando o infrator sujeito a detenção de três meses a um ano e pagamento de multa.

Fonte: Revista Florestal

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