Madeira sobre trilhos

A FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) recebe grandes investimentos para escoar madeira e celulose produzidos na Bahia

Na Bahia, o setor de florestas plantadas é um dos que mais tem contribuído para a desconcentração do desenvolvimento econômico do estado, levando ao interior mais empregos qualificados, renda, impostos e contribuições ambientais de elevada significância. Nossa visão é de que o emprego no interior, nas mais distantes e carentes regiões do estado, vale o dobro, pois gera oportunidades antes não existentes em municípios que mais precisam. 

Com esta visão é que o setor vem acompanhando com especial interesse os processos em torno da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste). A mais recente conquista para o setor madeireiro do estado é a concessão de parte da FIOL entre o porto de Ilhéus e Caetité, na Bahia. Chamado de FIOL 1, o trecho de 537 quilômetros de extensão foi arrematado pela BAMIN (Bahia Mineração), do Grupo ERG(Eurasian Resources Group).

A FIOL foi arrematada em leilão do MINFRA (Ministério da Infraestrutura). Para concluir a construção da ferrovia, o investimento da BAMIN será de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão em obras civis e R$ 1,7 bilhão em material rodante, como vagões e locomotivas. A subconcessão tem a duração de 35 anos, sendo cinco para construção e 30 anos para exploração. Quando concluída, a FIOL terá capacidade para movimentar 60 milhões de toneladas por ano, com o BAMIN utilizando apenas um terço desse potencial. Dois terços dessa capacidade estarão disponíveis para todos os demais setores, como o florestal, que precisarem escoar seus produtos e receber insumos, máquinas e implementos.

Para Eduardo Ledsham, CEO da BAMIN, valoriza o trabalho realizado e acredita que a FIOL será peça essencial no desenvolvimento da economia baiana. “O estado da Bahia ocupará uma nova e importante dimensão na economia nacional, gerando riquezas, distribuição de renda e elevando a qualidade de vida de sua população”, afirma Eduardo.

Esta notícia foi recebida com grande animo por todo setor econômico empresarial baiano, pois a ferrovia irá estabelecer alternativas mais econômicas para os fluxos de carga de longa distância; favorecer a multimodalidade; interligar a malha ferroviária brasileira, com sua futura conexão com outras ferrovias, como a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), a FICO (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), e a ferrovia Norte-Sul; incentivar e viabilizar investimentos que irão incrementar a produção e induzir a processos produtivos modernos ao longo dessa infraestrutura implantada.

A FIOL, em suas três etapas, cortará a Bahia de Oeste à Leste, conectando-se à ferrovia Norte/Sul (Goiás) ao novo porto de Ilhéus. Na sua primeira fase, o trajeto passa perto de Jequié/Maracás, região de Vitória da Conquista, e o polo de grãos e fibras do estado, em Barreiras/Luís Eduardo Magalhães.

Para aproveitar esta oportunidade os setores econômicos já presentes nas regiões próximas a ferrovia já estão planejando como estimular e desenvolver todos os possíveis polos integrados de desenvolvimento agroindustriais, minerais, entre outros, ao longo da ferrovia. Essa planejamento é o que viabilizará a utilização de áreas com diferentes climas, altitudes, índices de pluviometria e tipos de solo. São muitos hectares disponíveis, hoje com pouca utilização, a preços competitivos.

Além disso, a FIOL, e as outras ferrovias citadas, servirão para levar ainda mais investimentos par ao interior do estado, que contribui diretamente com o desenvolvimento do interior. Por ela serão transportadas muitas das riquezas produzidas no estado nas áreas minerais, florestais (madeireiros e não madeireiros) e agrícolas. Além disso, se fará melhor o escoamento da produção do agronegócio baiano diminuindo seus custos.

A FIOL é chave para trazer novos investimentos para o setor empresarial e também tributos para o governo da Bahia e municípios adjacentes, além de possibilitar a geração de novos empregos diretos e indiretos. Quando concluída, a FIOL vai cruzar cerca de 40 municípios, criando um novo ciclo no desenvolvimento e crescimento econômico da Bahia com o surgimento de novos pólos agroindustriais autônomos que passarão a contar com a infraestrutura mais eficiente de logística.

Portanto, desde já vislumbra-se imensas possibilidades, cujo devido e competente aproveitamento depende de planejamento e ações coordenadas entre os governos, setores produtivos, academia e comunidades do entorno da ferrovia.

A retomada das obras da FIOL está prevista para o segundo semestre de 2022 segundo o contrato da BAMIN. São previstos a instalação de mais de 30 pátios de carga ao longo da rota, criando oportunidades para os produtores regionais, potencializando as cadeias produtivas instaladas ao longo do caminho. O MINFRA estima a geração de 55 mil empregos diretos e indiretos com a construção da ferrovia, em cinco anos.

Do trilho ao mar

A conclusão do trecho 1 da FIOL em Ilhéus, o Porto Sul que está sendo construído em parceria com o governo do estado se tornará uma grande centro para as exportações. Sendo o ponto final de escoamento da produção entre a região produtora e seus compradores.  Será um porto de águas profundas e deve ser o primeiro do Nordeste a receber navios com capacidade de até 220 mil toneladas. Suas obras tem cronograma de termina em 2026, mesmo ano de conclusão da FIOL. construído até 2026, concluído ao mesmo tempo em que a FIOL.

Reportagem da REFERÊNCIA FLORESTAL, edição 238.

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