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Gestão experiente

A região sul do Brasil é reconhecida como uma referência no reflorestamento e o Estado do Rio Grande do Sul têm crescido continuamente na produção de pinus e eucaliptos. Para continuar avançando é necessária a valorização das empresas que trabalham nesse importante braço da economia gaúcha. Luiz Augusto Alves, presidente da AGEFLOR (Associação Gaúcha de Empresas Florestais), fala sobre o trabalho da associação, situação do setor florestal no Estado e perspectivas para o futuro.

Currículo

Administrador de Empresas formado pela Unisinos – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, com MBA em Gestão Empresarial pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Luiz Augusto Alves, 64 anos, é presidente da AGEFLOR (Associação Gaúcha de Empresas Florestais), no biênio 2022/2023 e consultor florestal sócio da LAA Consultoria. Foi por 9 anos Diretor Florestal da Tanac S/A, empresa líder mundial em produção de extratos vegetais e cavacos e pellets de acácia negra. Alves atuou na Tanac por 38 anos de sua carreira. Pela AGEFLOR, foi vice-presidente Adjunto e da Cadeia Produtiva da Acácia de gestões anteriores.

FLORESTAL: Como foi sua chegada a presidência da AGEFLOR?

Luiz:Participo desde 2006 como vice-presidente da cadeia produtiva da acácia negra. Após minha saída da Tanac em maio de 2020 constitui uma empresa de consultoria na Área Florestal. No final do ano passado fui convidado pelos colegas que conduzem a AGEFLOR para assumir a presidência pelo biênio 2022/23. Nesta nova fase decidi aceitar o desafio de conduzir nossa Associação.

FLORESTAL: Quais as principais frentes de atuação da AGEFLOR?

Luiz:Como definido em nossa Missão, nossos desafios são representar, unir e promover o setor de base florestal gaúcho, potencializando sinergias e o relacionamento entre associados, poder público e sociedade.

FLORESTAL: Quais ações para angariar mais associados?

Luiz:Estamos trabalhando para divulgar nossas ações para as empresas do setor que ainda não participam da associação para que todos saibam quais trabalhos estão sendo desenvolvidos. Além de redes sociais, temos uma página na internet, enviamos newsletters com notícias de interesse do setor.

FLORESTAL: Quais as vantagens para as empresas associadas?

Luiz:A promoção do setor e dos produtos advindos das florestas plantadas é a grande vantagem para nossos associados e recentemente temos atuado intensamente para desburocratização e segurança jurídica do setor no Rio Grande do Sul.

FLORESTAL: A associação trabalha com eventos ou treinamentos junto a seus associados?

Luiz:Participamos como apoiadores da maioria dos eventos organizados por entidades públicas e governamentais, tais como Seminários, Congressos e Feiras. Também atuamos em conjunto com as APRE (Associações do Paraná) e ACR (Associação Catarinense de Empresas Florestais) no programa pinus que fornece nematoides para controle da praga da vespa da madeira nos plantios de pinus.

FLORESTAL: Como funciona a Comissão de Prevenção e Controle de Incêndios Florestais e Segurança Rural?

Luiz:A Associação tem um grupo de trabalho para tratar da prevenção e controle de incêndios florestais, que está para ser retomado após um período de transição dos seus integrantes. Embora não tenhamos grande incidência de incêndios florestais devido as nossas características de clima e vegetação, devemos estar sempre atentos em função das alterações climáticas possíveis.

FLORESTAL: Quais as frentes de atuação do Programa Pinus?

Luiz:Além do fornecimento do nematoides o Programa Pinus visa conscientização dos produtores sobre a necessidade de controle da praga, bem como, promover eventos com instruções sobre a correta aplicação e manejo da praga.

FLORESTAL: Segundo dados do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), divulgados no Inventário de Florestal Nacional, o Estado tem 690 m³ milhões em estoques de madeira. A AGEFLOR trabalha com ações para preservar e usufruir da madeira nativa do Estado?

Luiz:As nossas associadas têm atualmente em torno de 990 mil hectares de áreas de preservação, principalmente de APPs (Áreas de Preservação Permanentes) e RL (Reserva Legal), entre outras. As empresas florestais, além de manter essa imensa área preservada, ainda contribuem para a preservação das demais áreas de florestas nativas suprindo os demais setores demandantes de madeira e aliviando a pressão sobre as florestas nativas remanescentes.

FLORESTAL: Em 2019, segundo relatório da AGEFLOR, os plantios de eucalipto, pinus e acácia negra representavam mais de um milhão de hectares no Estado. Quais os dados atualizados sobre essas culturas? Quais as expectativas a médio e longo prazo para o desenvolvimento dessas culturas?

Luiz:Neste momento está sendo realizado levantamento para atualização dos dados dos plantios florestais do Rio Grande do Sul em parceira com o IBÁ (Instituto Brasileiro de Árvores). Temos previsão de término deste trabalho para o final do primeiro semestre do ano e tão logo recebermos essa atualização vamos proceder a divulgação. Em relação às expectativas, temos convicção, que independentemente do número atual de área plantada, teremos um aumento nos próximos ciclos pelos movimentos de expansão da base florestal dos principais players do setor no Estado, seja por plantios próprios ou por Programas de Fomento Florestal, anunciados recentemente junto aos produtores independentes. Adicionalmente, temos presenciado uma grande valorização dos produtos oriundos das florestas plantadas e a consequente valorização das florestas em pé devido ao aumento da demanda interna e também pelo mercado de exportação.

FLORESTAL: O setor de móveis vinha num forte crescente desde o ano de 2015. A pandemia afetou a continuidade do crescimento? Outras áreas, como celulose ou carvão, sofreram com os impactos da pandemia?

Luiz:Todas atividades foram afetadas nos momentos de restrição de atividades, seja pela parada de produção ou pela redução da demanda e que tem se recuperado na medida que os efeitos da pandemia têm se reduzido. O setor de celulose e papel devido a característica de bem imprescindível para o dia a dia da população não sofreu interrupções. Esse desempenho foi possível graças as ações preventivas das empresas de base florestal para mitigar os impactos da pandemia. O setor de carvão no Rio Grande do Sul embora seja um grande demandante de madeira tem um efeito local, pois a grande demanda de carvão no Estado é o carvão para churrasco, tão tradicional aqui no Estado.

FLORESTAL: A produção de celulose e biomassa tem conquistado mais espaço no setor madeireiro do Rio Grande do Sul?

Luiz:Tradicionalmente o setor de celulose e biomassa são grandes demandantes de madeira no RS junto com o setor moveleiro. Recentemente temos percebido um aumento do número de produtores de pellets para geração de energia.

FLORESTAL: Qual a importância da mudança de legislação para silvicultura não ser considerada mais uma atividade potencialmente poluidora?

Luiz:Essa alteração é de suma importância para o setor florestal gaúcho tendo em vista que baseado nessa premissa foi implantado um ZAS (Zoneamento Ambiental para a Silvicultura) altamente restritivo no Rio Grande do Sul. Essas restrições, além de dificultar imensamente a expansão da nossa base florestal, aumentam os custos de produção com atividades que não geram benefícios econômicos, sociais e principalmente ambientais. Nossa expectativa com essa alteração é que consigamos diminuir as restrições existentes que nos colocam em posição de desvantagem em relação aos outros Estados da federação e mesmo em relação aos outros países produtores de florestas plantadas.

FLORESTAL: Qual será o legado de sua gestão?

Luiz:Entendemos que se conseguirmos desburocratizar e melhorar a segurança jurídica para o setor de florestas plantadas aqui no Rio Grande do Sul daremos uma grande contribuição para nossas associadas e consequentemente para a sociedade gaúcha.

Entrevista da REFERÊNCIA FLORESTAL, edição 242.

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