Enquanto grandes economias globais esperam neutralizar as emissões de carbono até 2050, uma pequena nação no norte da Europa promete atingir esse objetivo já em 2035.
A meta pode parecer ambiciosa, mas estamos falando da Finlândia, país que na última década se tornou referência em um terreno fértil e ainda pouco explorado: a bioeconomia.
Trata-se de um modelo de produção baseado na sustentabilidade, com o desenvolvimento de soluções tecnológicas para minimizar o impacto ambiental. Ele parte da utilização de biomassa ou de recursos renováveis para gerar produtos e serviços, em vez dos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão. É um conceito simples e ao mesmo tempo amplo, pois engloba as indústrias de processamento e a produção de fármacos, cosméticos e alimentos – só para citar alguns exemplos.
Os finlandeses têm obtido avanços na utilização de fibras naturais como um substituto para o plástico e também no desenvolvimento de novos produtos, como têxteis à base de celulose. O país nórdico serve como inspiração, mas também nos leva a uma reflexão: detentor de 20% da biodiversidade do planeta, o Brasil já deveria ter avançado mais nessa pauta.
O potencial de mercado é enorme. De acordo com estudo divulgado recentemente pela Associação Brasileira de Bioinovação (Abbi), a implementação efetiva da bioeconomia pode gerar um faturamento industrial de US$ 284 bilhões anuais até 2050. Mas, para isso, seria preciso que as empresas injetassem recursos na ordem de US$ 45 bilhões no período.
O caminho para esses aportes passa pela consolidação de políticas públicas que incluam incentivos fiscais para tecnologias e bioprodutos, ainda pouco competitivos em relação a seus substitutos fósseis. Além disso, é preciso disponibilizar linhas de financiamento e incentivo à pesquisa científica e definir um marco regulatório, a exemplo do que já ocorre em países como Alemanha, Estados Unidos, França – e, claro, Finlândia.
Transpor essas barreiras é fundamental para estimular práticas inovadoras na economia brasileira. Aliada ao processo de transição energética, a biotecnologia é o impulso que falta para atingirmos um novo patamar no desenvolvimento sustentável, que considere particularidades regionais, interação entre diferentes setores e combate às mudanças climáticas.
Fonte: Ageflor