Nayara Guetten Ribaski
Professora do curso de Engenharia Florestal da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católicado Paraná)
Engenheira Florestal, MBA em Negócios Internacionais com especialização em Economia e Política Florestal e Mestre em Ciências Florestais
O maior risco para o investidor florestal é apostar no mesmo. Este é um dos recados de Nayara Guetten Ribaski, professora do curso de Engenharia Florestal da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católicado Paraná), com MBA em Negócios Internacionais com especialização em Economia e Política Florestal e Mestre em Ciências Florestais. Para a especialista, diversificar investimentos dilui os riscos, isto vale para diferentes espécies e também para o Ilpf (integração lavoura-pecuária- floresta). A entrevistada do mês da REFERÊNCIA FLORESTAL também fala das perspectivas de mercado e aponta que demos investir mais nos produtos florestais de maior valor, já que praticamente dominamos as commodities.
O eucalipto domina a área florestal plantada no Brasil, porém existem iniciativas para diversificar as espécies. Podemos considerar que consolidado mesmo existe o mercado da acácia negra, pinus e teca. Outras espécies buscam espaço como mogno africano, cedro australiano. Acredita que haverá crescimento expressivo de novas espécies?
Acredito sim, além dessas duas espécies citadas, posso mencionar também uma espécie que vem se destacando nos últimos anos que é a seringueira (Hevea spp.). Segundo o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) o mercado já vem apresentando déficit na produção mundial de borracha natural, que significa que irá ocorrer uma elevação significativa dos preços da borracha. Posso citar também outras espécies como o paricá (Schizolobium parahyba) e álamo (Populus sp.) que estão ampliando suas áreas florestais. No entanto, ainda é necessário investir em iniciativas de pesquisas, desenvolvimento tecnológico e inovação para que seja mais expressivo o crescimento de novas espécies.
Quais as vantagens da diversificação de espécies? E quais os riscos de apostar em um mercado que ainda não está maduro?
No momento atual, estamos passando por uma crise econômica, que vem afetando muitos setores produtivos. Diversas empresas vêm sofrendo uma estagnação em suas vendas e consequentemente acabaram fechando. E isso fez com que as empresas que trabalhavam com apenas um produto, fossem pegos desprevenidos.
A não diversificação de produtos é considerada um dos fatores que ocasionaram o fechamento de diversas empresas do setor florestal. E o fato de poder colocar no mercado, produtos diferentes dos usuais, possibilita a ampliação de suas chances de se manter lucrativo e expandir. Além da questão produtiva propriamente dita, o reflorestamento com espécies nativas tem a vantagem de permitir uma diversificação importante de mercado conectando com os compromissos climáticos, oferecendo desenvolvimento de negócios favoráveis à nova ordem econômica de baixo carbono.
Não existem investimentos sem riscos! Ao se apostar em um mercado que ainda não está maduro, deve-se ter ciência que passará por alguns entraves. E a estratégia de diversificação de investimentos, apostando na diversificação de espécies, sem dúvidas minimiza o risco de um investimento. Investir em diferentes ativos, possivelmente mitigará grande parte do risco.
Agora em se tratando de novas fronteiras. Acredita que haverá novos polos além dos consolidados?
Acredito que sim, porém, mesmo que o Brasil tenha um cenário promissor, é necessário ultrapassar algumas barreiras, como investir nas novas espécies comerciais em pesquisa e desenvolvimento, empreendedorismo e inovação, assim como ocorreu nos últimos anos com o eucalipto e o pinus. Fazendo isso, a atividade irá ganhar escala necessária para a criação de uma nova economia florestal sustentável. Onde frisará questões ambientais como mitigar as mudanças climáticas e fixar carbono, mostrará ganhos sociais e fomentar a economia.
Como avalia o Brasil diante do mercado florestal mundial? Corremos algum risco de perder competitividade ou ser surpreendido por um novo player internacional?
Somos um gigante na área florestal, por sermos o maior produtor de florestas do mundo. Contudo, somos fornecedores de matéria-prima de baixa transformação. Fornecemos matéria-prima florestal para abastecer os mercados globais de bioenergia que continuará a crescer juntamente com a demanda por energia limpa.
Para venda de produtos florestais de baixa transformação, não necessariamente perderemos competitividade ou seremos surpreendidos por um novo player internacional, mas perderemos sim lucratividade, pois estamos vendendo produtos com baixo valor agregado. Para produtos de elevada transformação e tecnologia aplicada, como determinados painéis e celulose, com valor agregado, poderemos ser surpreendidos por um novo player internacional se não estivermos atentos às inovações.
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