A espécie que se deu bem no sul

Plantio de acácia negra ganha fôlego depois de alguns anos em estagnação, quem apostou na espécie vai receber os frutos com a retomada nos preços

Acostumada a altos e baixos o mercado de acácia negra tem boas perspectivas para os próximos anos. A espécie exótica se tornou tradicional no Rio Grande do Sul, único Estado com plantio expressivo. A área plantada está abaixo dos 80 mil ha (hectares) atualmente. Depois de alguns anos com muita oferta e preços baixos, o valor da madeira está crescendo com a demanda mais alta. Para melhorar, o tanino encontrado na casca da acácia vem ganhando novas aplicações, fama pela sustentabilidade e mais mercado.

Pelos dados da Ageflor (Associação Gaúcha de Empresas Florestais), o Rio Grande do Sul tem hoje menos de 80 mil ha de acácia negra plantados, aponta o anuário 2017. As áreas com maior volume desta espécie são: região Sul, Vale do Rio Pardo, Centro Sul, Campanha e Vale do Caí. Mas em praticamente todo o Estado encontra-se algum cultivo da espécie.

“Infelizmente a área plantada de acácia negra tem diminuído nos últimos anos”, lamenta Diogo Carlos Leuck, presidente da Ageflor. Ele aponta que um dos fatores de desestimulo é a elevada burocracia ambiental exigida para a silvicultura no Estado. Como a maior parte dos plantios de acácia ocorre em pequenos produtores familiares, eles têm mais dificuldade do que os grandes empreendimentos para atenderem exigências legais ambientais. “Com a lei estadual 14.691, estamos tentando um escalonamento de regras, a fim de não penalizar os pequenos que não tem a mesma estrutura técnica de uma grande empresa, mas sem perder o cuidado com o meio ambiente”, explica.

Outro fator que desestimulou o produtor foi o baixo preço das florestas até 2015. Isto aconteceu pela grande oferta com o incremento de plantios em meados dos anos 2000, influenciado pelas exportações de cavaco no final da década de 90. “Por fim, a informação da vinda de grandes indústrias de celulose para o Rio Grande do Sul, há cerca de 10 anos, fez com que muitos produtores convertessem áreas de acácia para eucalipto, com vistas a vender sua madeira para estas empresas”, completa Leuck.

Boas notícias

A acácia negra já está no Rio Grande do Sul há 100 anos, passou por momentos de altas e baixas ao longo deste período, normalmente por influência do descompasso entre oferta e demanda. Nos últimos 20 anos o volume consumido tem girado entre 18 e 20 mil ha por ano, na maior parte destinados ao mercado de energia (lenha e carvão), mas também para celulose, construção civil e recentemente pellets.

Mundialmente a demanda por madeira tem crescido e para a acácia não é diferente. Por ser uma espécie com menor volume ofertado e com excelentes características, como o alto poder calorífico, tem uma perspectiva ainda maior de procura. “Como o estoque de florestas desta espécie no Rio Sul está abaixo do ideal para suprir a demanda histórica, a tendência é de que os preços continuem a subir, o que já vem ocorrendo nos últimos quatro anos”, prevê o presidente da Ageflor.

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